Canalizando um arroio, você inviabiliza a vida aquática que depende da luz do sol; dificulta o controle das fontes de poluição; diminui o processo de oxigenação da água (que é uma forma natural de despoluição através das bactérias que se alimentam da poluição orgânica, que também vai desaparecer por causa da falta de luz); impossibilita a criação de áreas naturais urbanas (é praticamente uma troca, depois é muito difícil reverter o processo).
Essa medida ignora as características naturais dos cursos d’água e, principalmente, o fato de eles serem fundamentais à regulação climática, à biodiversidade, à vida.
Canalizar um arroio ou córrego é matar ele.
A canalização é, na verdade, uma máscara para os problemas urbanos.
- Afinal, é o esgoto que deve ser canalizado, e não os arroios, córregos e rios.
- É o assoreamento que deve de ser evitado.
- É a ocupação irregular do solo que tem que acabar.
- É o lixo urbano que tem que ser reciclado.
- A mata ciliar deve de ser preservada.
Sem obstáculos naturais, as águas dos cursos d’água correm mais rápidas, em retos canais. Evitam-se inundações em um trecho, mas elas passam a ser mais destruidoras em trechos mais à frente, uma vez que a água chega com uma velocidade bem maior.
O ciclo hidrológico é também prejudicado pela canalização. Com o leito de rios e córregos revestido por materiais impermeáveis, a água não infiltra no solo e, consequentemente, não chega aos lençóis freáticos. A infiltração é importante para regularizar a quantidade de água dos rios e córregos e proporcionar seu escoamento subterrâneo até os mares e oceanos. Sem infiltrar, mais água é retida na superfície, provocando inundações nas áreas mais baixas.
Cobertos por grandes avenidas, muitos cursos d’água são lembrados somente ao transbordarem, quando o volume de água e lixo ultrapassa a capacidade de suas galerias. Limpar e manter esses canais são procedimentos difíceis e perigosos, principalmente nos fechados, pois o acesso é complicado. A mais grave consequência da canalização é o fato de ela comprometer a relação entre homem e natureza. As áreas verdes das margens são substituídas por concreto e asfalto; nadar, pescar e navegar, passam a ser atividades quase que impraticáveis.
A canalização é inaceitável. É um ato de destruição da natureza e do ser humano.
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