terça-feira, 24 de junho de 2014

AS ENCHENTES EM IRATI



Os iratienses terão que conviver com as enchentes para sempre ou até que ocorra alguma mudança geográfica significativa ou se as pessoas realmente mudarem suas residências ou empresas para outros locais, distantes do rio e num plano mais altos.

OS PROBLEMAS

Cheias do Rio das Antas com enchentes nas pontes de ligação do Bairro Rio Bonito, D.R.E., Floresta e Vila Nova, alagamentos das ruas e casas da Canisianas, entrada para o Nhapindazal e cheias do Arroio dos Pereiras com alagamento em algumas ruas centrais (Rua Dr. Munhoz da Rocha com Rua Carlos Thoms e Rua 7 de Setembro com Rua 15 de Julho).
Enchentes nestes locais considerando chuvas normais, isto é, aquelas que ocorrem ao menos uma vez por ano ou no máximo a cada dois anos.

OS AFETADOS:

Todos os moradores próximos ao Rio das Antas e parte baixa da cidade, Nhapindazal, Vila Nova, Canisianas, casas e empresas de ruas centrais (principal: 15 de julho com 7 de setembro e outras).
Alagamento em todas as pontes de acesso aos bairros e vilas localizadas nas margens do Rio das Antas. As pontes funcionam como uma barragem do rio, pois tem vazão reduzida e tem muita sujeira que enroscam nas pontes criando assim represas.

OS RESULTADOS:

Pessoas desabrigadas, perdas de móveis, roupas, comidas, riscos de doenças, proliferação de ratos e animais peçonhentos, perdas de animais de estimação e criações, bloqueios de ruas, atrasos ou faltas no trabalho, faltas na escola, etc..
As empresas afetadas perdem seus estoques, ferramentas, máquinas, computadores, móveis e documentos diversos.
Maior problema é a insegurança das famílias e o trauma por chuvas e novos alagamentos. As famílias não têm como saber se haverá inundação ou não. Normalmente a água sobe muito rápido.

A ANÁLISE:

Levantamentos feitos através de satélite exibem os pontos de impermeabilização, mostrando assim os perigos de enchentes nas áreas mais baixas da cidade.
O avanço urbano sobre áreas de cultura, de matas, nos morros, nas beiras de rios, são os maiores responsáveis pela impermeabilização e as consequentes enchentes.
As enchentes ocorrem somente quando temos chuvas em excesso com relação à capacidade de vazão do Rio das Antas e do Arroio dos Pereiras. Uma análise minuciosa sobre nossa geografia e o avanço urbano pode comprovar que a tendência é piorar.

ORIGENS DAS ÁGUAS:
  1. Chuvas – águas que descem dos morros e da área central da cidade.
  2. Rio das Antas – corrente normal mais as águas da chuva.
  3. Arroio dos Pereiras, Arroio do Seminários, Córregos e mais as enxurradas dos morros e áreas impermeabilizadas dos bairros e da área central.
  4. Relevo – Enxurradas Serra dos Nogueiras e outras serras.

OS RESPONSÁVEIS:
Rio das Antas

  1. Baixa capacidade de vazão de água do Rio das Antas e as encostas. 
  2. Assoreamento do Rio das Antas.
  3. Falta de áreas de alagamento para escoamento, infiltração e evaporação da água.
  4. As Pontes funcionam como gargalos ou represas.

Arroio dos Pereiras

  1. Aumento do volume de água no arroio nos dias de chuva forte. São águas de enxurradas, vindas do Ouro Verde, Jd. Califórnia, Vila São Francisco e agora do loteamento Village Solaris.
  2. As águas juntam-se com aguas da área central da cidade.
  3. Canalização do Arroio dos Pereiras, limitando assim a vazão das água das chuvas e enxurradas.
  4. As canaletas do Arroio dos Pereiras estão subdimensionadas.

Alto da Glória

  1. Desde o loteamento do Alto da Glória, da impermeabilização dos terrenos, aumentou muito a enxurrada para a Alameda Virgílio Moreira, Rua Dona Noca e a Rua. Cons. Zacarias.
  2. Novo loteamento Alto da Glória vai impermeabilizar o outro lado da Av. José Galicioli e será responsável em aumentar o volume de enxurradas para o Nhapindazal.

As Pontes e Canais

  1. Ponte – Rua Vitoria Monte Castelo.
  2. Ponte – Rua Abílio Carvalho Bastos
  3. Canal – Rua João Cândido Ferreira.
  4. Ponte - Ponte - Rua Pacífico Borges com Rua Água Marinha – acesso à Pedreira.
  5. Canal - Rua Dr. Vicente Machado – Iraty.
  6. Ponte - Acesso 1 Bairro Floresta – Rua Cezário Fortes.
  7. Ponte - Acesso 2 Bairro Floresta – Rua Sebastião Colaço Vaz.
  8. Ponte - Rua Cel. Grácia – acesso ao Samuara.
  9. Canal - Rua 15 de Novembro – Hotel Luiz XV.
  10. Ponte - Acesso 1 – Rua Cél. Sabóia - Vila Nova.
  11. Ponte - Acesso 2 – Rua Luciano Simões Scheffer - Vila Nova.

ORIGEM DAS OBSTRUÇÕES

  • Sujeiras – sacos, sacolas, roupas, fraldas, fios, cordas e arames, colchão, fogão, sofá, cama, pneu, armário, ferro velho, televisão, computador, etc..
  • A vazão nos canais (Arroio dos Pereiras) muito pequena em relação ao volume de água atual e existe uma tendência de aumento gradativo com o passar dos anos e o crescimento urbano.
  • Em algumas entradas dos canais de passagem do Arroio do Pereiras, a abertura é muito pequena a qual provoca efeito de barragem, limitando a passagem de água e provocando assim um alagamento.
  • Entupimento de bueiros na região central. Falta de bueiros em algumas ruas.
  • Restos de construções ou reformas residenciais – cacos de telhas e tijolos, rebocos, areia, pedra brita, madeiras, lajotas e azulejos, pregos, latas e galões de tinta, etc..
  • Caixas de mistura de massa, ferramentas e betoneiras sendo lavadas e o resíduo sendo jogado nos bueiros, criando assim uma crosta de cimento ou reboco, diminuindo a vazão de água nas galerias pluviais.
  • Cortes de árvores e galhos (podas) que são jogados nas margens do Rio das Antas, Córregos, Arroios e valas.
  • Árvores e arbustos – queda das margens do rio pela ação da água (erosão ou deslizamentos).
  • Materiais em decomposição originados pelo despejo de esgoto e animais mortos.
  • Impermeabilização – Telhados de barracões e casas, asfaltos e calçadas.
  • Desmatamento da mata ciliar, de serras e morros.
  • Assoreamento por Loteamentos - Agricultura – mecanização / erosão e assoreamento de rios e arroios.

POSSÍVEIS SOLUÇÕES:
  • Acabar com o lixo urbano de entulhos, os quais são jogados em valas, vales, córregos, margens dos rios, etc., instituindo multa para o infrator. Para famílias de baixa renda e de áreas de risco, a coleta deve ser gratuita. Os moradores devem fazer o monitoramento de despejos irregulares.
  • Multa para cidadãos que fizerem despejo ilegal de lixo. Os moradores devem fazer o monitoramento de despejos irregulares.
  • Cortes e podas de árvores não podem ser jogados nas margens de rios e arroios ou valetas e áreas de baixadas. Coleta gratuita pela prefeitura para famílias de baixa renda ou de áreas de risco. Os moradores devem fazer o monitoramento de despejos irregulares. Multa para infratores.
  • Apoio ou incentivo para a criação de jardins e hortas caseiras – aumentar áreas de infiltração de água e diminuir calçadas – área de impermeabilização, principalmente nas áreas altas da cidade.
  • Aumentar a vazão dos rios. Limpeza e dragagem.
  • Aumentar a vazão dos canais de passagem do Arroio dos Pereiras e das bocas de entrada de água em locais onde o arroio foi canalizado.
  • Aumentar número de ruas com pavimentação de pedras irregulares e calçadas de blocos, que permitem a infiltração de água.
  • Criação de Jardins em Praças e Parques, canteiros centrais de avenidas. Diminuir área de concreto, substituindo por gramados e jardins.
  • Incentivo à criação de micro bacias e represas em propriedades rurais.
  • Diminuir áreas de agricultura em locais de reserva legal.
  • Fazer cumprir a Lei de área de Mata Ciliar.
  • Novas pontes, com altura e vão maiores.
  • Plano mais eficiente de socorro a vítimas de enchentes.
  • Preservar e recuperar mata ciliar, bosques e reservas florestais.
  • Remoção de casas de locais de enchente, locais críticos. Fiscalização e multa para invasores destas áreas.
  • Criação de drenagens naturais – piscinas, represas ou reservatórios.
  • Uso de Cisternas como reservatório para as águas de chuva - Residências, Empresas e Indústrias.
  • Fim da exposição do solo à erosão. Combate à erosão – Reflorestamento com árvores nativas.
  • Fim da ocupação de áreas de banhado (Preservação por Lei).
  • Fim do assoreamento de rios, riachos, córregos e baixadas.
  • Limpeza de bocas de lobo, mais bocas de lobo e aumento da vazão das já existentes.
  • Barragens e muros de arrimo para conter as água dentro do leito do rio.
  • Proteger estoques de lenhas ou madeiras, para que as mesmas não sejam levadas para dentro de Rios e Arroios e Córregos com as enchentes.
  • Uma atenção especial pela empresa de coleta de lixo para as regiões de risco e enchentes e alagamentos. Recolher todas as sacolas e lixo com potencial para entupimento de rios, arroios e córregos.
  • Mudança de curso de Rios. Desvio de rios, riachos, arroios e córregos, facilitando assim seu escoamento.
  • Estudos para aumentar a permeabilidade do solo.
  • Estudos das causas e elaboração de Projetos de curto, médio e longo prazo para soluções.
  • Planejamento do crescimento urbano.
  • Proibir novos loteamentos em regiões com potencial de impermeabilização do solo e consequentes enchentes nas partes baixas da cidade.
  • Proibir novas construções em morros e encostas do Rio das Antas.
  • Proibir desmatamento de morros e encostas do Rio das Antas.
  • Recolhimento de esgotos para Tratamento evitando despejo em arroios e rios.
  • Estudar a capacidade de vazão de canais de arroios e córregos. Ver possibilidade de aumento de vazão. Evitar subedimensionamento de galerias. Evitar canalização de arroios e córregos.
  • Projeto para o uso de bombas para o bombeamento da água em excesso para locais de escoamento, infiltração ou evaporação. Estudar a possibilidade da utilização de bomba móvel.

RECURSOS
Estamos relacionando sintomas e possíveis soluções, mas nos falta conhecimento suficiente com relação às origens de recursos, como obter recursos para implantar tais soluções, mas como relatado pela Prefeitura Municipal de Irati, os prejuízos foram em mais de 32 milhões, sendo assim, então talvez a obtenção de 20 milhões ou mais seja simples, considerando os prejuízos que podem ser evitados, sem contar que ainda não tivemos nenhuma morte e se ocorresse seria uma perda incalculável.
Muitas das soluções são de longo prazo e algumas ainda dependem da criação de Leis e da sua respectiva aplicação, mas devem começar o quanto antes.

CONCLUSÃO
De todas as  soluções apontadas acima, talvez a mais importante seja a conscientização da população com relação aos cuidados com o lixo, limpeza de lotes e terrenos, não jogar lixo nas ruas, não entupir bueiros, não despejar esgoto em rios ou córregos e servir de fiscal, evitando que outras pessoas descumpram Normas e Leis que colocam em risco a vida e o patrimônio de outras pessoas.

Os responsáveis são todas as pessoas que detém o poder para mudar o que outros fizeram de errado em épocas anteriores ou fazerem os devidos ajustes, pois nossa cidade cresceu e irá crescer muito mais.
Ficamos felizes por nossa cidade estar crescendo, mas tem que ser de maneira ordenada e sob controle. Todos sabem que enfrentar a natureza é uma luta dura e sempre sairemos perdendo. Precisamos aprender a conviver com ela, respeitando-a e nos ajustando.

Em breve postarei aqui uma coleção de imagens que comprovam muitas das questões acima descritas.
Abração a todos!

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